terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Os leitores de poesia nesta terra são tão poucos que não compensa fazer reedições. Quantos leitores regulares de poesia haverá no Brasil? Creio que não chegam a mil (Paulo Henriques Britto)

Noite dificílima, com uma tosse incessante de Leonardo que nos deixou acordados por cerca de uma hora. Transferi-o para minha cama depois de copos de água e xarope, e fui para o colchão no chão. Às três da manhã, enquanto esperava o acesso passar para voltar a dormir, terminava a leitura de Refluxo, o terceiro conto do livro de José, sobre um rei que manda construir um cemitério. O quarto, As Coisas (ou Coisas), iniciei esta manhã, no carro, depois da oração matutina e antes de resolver entrar para o trabalho. Vai bem, o livro. Simone começou As Memórias do Livro, algo sobre a guerra nos bálcãs. Segundo ela, ainda não engrenou.

Ontem à noite, aniversário de Leonardo, os parentes de sempre, novas e boas histórias sobre a Campos do Jordão de antigamente, e as pessoas falando dos livros que andei doando. Hoje, dor sentida no pé direito, parte superior, cuja denominação ignoro. Colchicina e previsão de almoço à base de poucos legumes cozidos. Muita água.

Poucas situações na vida profissional de uma pessoa são piores do que saber-se no lugar errado.

De Rita Elisa: Alguns dos seus “Poemas Jordanenses” abriram em minha alma uma porta para o infinito, e senti a aragem quase fria do Itapeva. “Sandálias Paternas” tem gosto de poeira de estrada, o sol quente fragmenta as palavras, mas veio a brisa e com ela as nuvens de chuva, gotas de lembrança invadiram a paisagem, apagaram a poeira, refrescaram a memória.
De Ferreira Gullar, na Ilustrada: Não vou discutir se o que escrevo, como poeta, é bom ou ruim. Uma coisa, porém, é verdade: parto sempre de algo, para mim inesperado, a que chamo de espanto. E é isso que me dá prazer, me faz criar o poema.
De Aurélio Buarque de Hollanda, na abertura do livro Pedra Bonita, de José Lins do Rego: E pensemos agora: quantas obras não são reproduções perfeitas de fatos da vida real sem que disso tenhamos conhecimento! A grande maioria delas, como se sabe, tem as suas raízes mergulhadas, em boa parte, na realidade vivida ou diretamente observada. A imaginação não trabalha, nunca, puramente no ar: o real lhe serve sempre de ponto de partida, é o terreno de onde desfere o voo. Pode modificar a realidade, dar-lhe um colorido diverso, estranho, maravilhoso até; criará outras realidades, sempre paralelas a essa de onde partiu: de qualquer maneira, é o real, é a vida, que lhe empresta os elementos básicos de ação.
Durante o sono, creio ter criado um personagem rústico, algo como Raimundo Novidade, Sebastião Novidade, algo assim. Um sujeito simples e fofoqueiro do sertão.






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