quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A poesia é grito/ feito em surdina (Luiz Otavio Oliani)

Em menos de uma hora, cometi duas grosserias que me fizeram enrubescer até o fim do dia. Primeiro, à mesa de almoço, fui brincar com Leonardo (que almoçava em paz, quieto) e acabei por machucar-lhe a orelha, fazendo com que chorasse. Depois, fiz um gracejo em inglês para um adolescente judeu que acelerava exageradamente sua bicicleta no espaço da rua reservado aos pedestres. Sobre esta questão, fiz a mim mesmo uma pergunta: se fosse um jordanense, e não um judeu, a fazer o que ele fazia, que tipo de reação eu teria? Provavelmente não teria feito feito a “brincadeira” em inglês. Provavelmente teria feito vistas grossas. Provavelmente teria deixado o ciclista em paz.  Acontecimentos que me mostram que ainda terei de melhorar muito para amansar um pouco a besta característica da condição humana que mora em mim, e em todos os homens. O fato de eu me envergonhar destas duas façanhas pode ser um sinal de que a besta está um pouco mais domesticada, um pouco menos selvagem. Para Leonardo, já pedi perdão por duas vezes. Para o pequeno turista judeu, o faço agora, envergonhadíssimo.

Maria das Graças Silva Foster –ou simplesmente Graça Foster- é uma mineira recém-entrada na velhice. Cinquenta e oito anos. Morou dos dois aos doze anos de idade na Favela do Adeus, no Rio de Janeiro, onde tinha que percorrer o lixão para revender o que lá encontrava para pagar seu material escolar e ajudar financeiramente a família. Hoje, a engenheira Graça Foster assume a presidência da Petrobras.

Não gosto quando Dilma se presta a fazer patacoadas, como posar de coadjuvante de Macunaíma na posse do novo Ministro da Educação. Aos gritos da torcida organizada de plantão (olê, olê, olé, olá, Lula, Lula...), à suprema mandatária da nação não fica nada bem o papel de secretariazinha e menina de recado do ex-patrão. A não ser que o patrão não seja tão ex, assim.

Aniversário da cidade que habita minha mente e meu coração. Hoje, mais do que nunca, me invade a ternura por Santos e a tristeza por estar tão distante.

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