sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O caboclo é o sombrio urupê de pau podre a modorrar silencioso no recesso das grotas. Só ele não fala, não canta, não ri, não ama. Só ele, no meio de tanta vida, não vive... (Monteiro Lobato)

Fui ler poemas de Marédia e Salmos Proscriptos para Mauro. Me pareceu bem, ainda que um pouco abatido. Dei-lhe um exemplar do Sandálias. Eveline leu “Domingo na Vila Margarida”, e continuo me envergonhando quando ouço alguém lendo o que escrevi.  É sempre bom ler Mauro Valle.

Três prédios desabaram no Rio de Janeiro. Até o momento, três pessoas mortas e mais de vinte desaparecidos. Ninguém tem ainda nenhuma informação sobre os motivos da tragédia. 

O livro de Rubem Alves termina com um ou dois versos de Adélia Prado. Confesso que me empolguei com o início da leitura -e só. Ao aproximar-se do final, o livro vai se tornando cansativo e monótonoa, com aquela fixação do autor pela culinária e esforçando-se por tirar de sua prática (dela, a culinária) um aprendizado e a própria explicação dos mistérios da vida e do prazer da comida. Esta é a parte do livro, inclusive, não-recomendada para os que por algum motivo são obrigados a fazer dieta. Os educadores têm que aprender a fazer amor com o mundo. Orafaçameofavor. Mas vale o registro: um livro diferente, original e até certo ponto instigante -que já doei. Ainda que eu sofra calado a sensação de ter atirado uma pérola no meio ao chiqueiro.

Chego àquela fase em que alguém que aborda de forma tão enfática um tema que não domina me traz irritação e enfado. Aprendizados, aprendizados -a convivência com os da minha laia.

O que parecia ser uma ideia razoável para um texto acaba se tornando, poucas horas depois, mui pouco atraente.

Acho que nunca preparei um artigo com tanta antecedência. Eis aí uma atividade -escrever para o jornal- que me apraz.

Hoje morei em Santos, atingido talvez por estar ausente na festa de aniversário desta minha velha namorada, a quem me entrego solitariamente, as ânsias repletas de fidelidade e desejo.

A saudade é uma ilha de onde jamais se escapa.


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