sábado, 28 de janeiro de 2012

Grandes folhetinistas andam por este mundo de Deus perdidos na gente do campo, ingramaticalíssima, porém pitoresca no dizer como ninguém (Monteiro Lobato)

Arriva de Bragança Paulista o E Eu Sei Fazer Versos?, uma verdadeira aula de poesia e métrica da teórica santista-bragantina Lóla Prata Garcia que, entre outras coisas, foi uma fundadora da Associação dos Escritores de Bragança Paulista, a ASES, de quem ainda espero a confirmação do convite para tornar-me associado-correspondente. Na obra, citações de Sérgio Bernardo e Amilton Maciel Monteiro, entre outros amigos. Agora compreendo o entusiasmo de Luiz Antonio Cardoso: o livro é notável.

Dia de muitas alegrias. Na Academia, à tarde, apresentação do livro de Rodolpho e leitura da biografia do novo acadêmico, Edmundo Ferreira da Rocha. Sessão comprida demais, teve gente que falou mais do que devia. Muita gente 'grande', por se tratar de um sujeiro popular ao extremo. Alguns me procuraram, surpresos por terem descoberto esta minha 'faceta literária'. Isso, na verdade, me incomoda, pois em geral são clientes da Empresa, e gostaria que a única referência que tivessem a meu respeito fosse exclusivamente a profissional. Mas foram comentários elogiosos, surpreendentes e satisfatórios. Coisa boa. Chegando em casa, e-mail de José Carlos Mendes Brandão sobre o Sandálias, que tem recebido excelente fortuna crítica. Furini fala do filho, artista plástico, que procura um lugar para expor. Em Campos seria caro, Taubaté também... Mas dá para buscar alguma coisa.

Adendo final da apresentação de Edmundo, que enxertei no texto de Pedro Paulo Filho, o ícone:
Ao ingressar nesta Casa de Letras, tomando posse da cadeira 29, cujo patrono é Guimarães Rosa, um dos maiores escritores não só do Brasil mas de toda a história da literatura universal, e ocupando o lugar de nossa inesquecível Iracema Abrantes, Edmundo Ferreira da Rocha traz consigo a experiência, a capacidade, o conhecimento, a probidade e o reconhecido denodo que, certamentem, colocará a serviço dos projetos futuros que serão desenvolvidos por esta Academia. Há muito trabalho pela frente, novel Acadêmico Edmundo Ferreira da Rocha, e contamos consigo para levá-lo adiante. seja bem-vindo à Academia de Letras de Campos do Jordão, e que Deus o abençoe.

Luiz Antonio Cardoso publica um texto que me fez chegar lágrimas à beira-d'olhos. Se eu não seguro, transbordariam. Ei-lo:

AS SANDÁLIAS E O NATAL

Luiz Antonio Cardoso

O Natal nem sempre foi uma efeméride tão esperada... um certa melancolia, misto de incertezas múltiplas com a certeza de uma falta de sentido sempre rondaram meu mundo no período onde muitos comemoram uma data incerta.

Na verdade, considero positivas algumas ações que ocorrem nas comemorações natalinas, como aquele espírito de solidariedade que toma conta das pessoas, aquela vontade de abraçar seus amigos, de se reunir com seus familiares, de trocarem presentes, aconchegos e afetos... apenas não entendo o motivo disso tudo ser tão passageiro... quisera eu que o Menino Jesus nascesse diariamente no meu coração e nos corações de todos os mais de sete bilhões de seres humanos que habitam este planeta...

Mas alguns natais marcaram sobremaneira minha existência, como o de 2003, quando meus grandes amigos Alessandro Feriotto e Rute Pires resolveram competir com as ceias de natal e se casaram em pleno dia 24 de dezembro, fazendo daquele natal um dia mágico para seus amigos... inesquecível...

Outro natal já eternizado em meus registros mentais é o de 2011. Estava já certo que passaria em minha casa... em meu quarto, talvez trabalhando em minhas edições de vídeos, em meus textos e projetos culturais... a sentença estava dada... mas eis que um grande amigo, que também é um grande escritor me convidou para passar a ceia de natal em sua residência, entre seus familiares, em Campos do Jordão.

Aceitei, com alegria, o convite do escritor Benilson Toniolo, e nem precisaria dizer que foi uma noite bela, repletas de encantos natalinos verdadeiros, singelos e memoráveis...

Porém, um presente estava reservado para aquela noite de 24 de dezembro de 2011... um presente bem típico de ser oferecido por um poeta... um presente que outro poeta consideraria maravilhoso ganhar... um livro... e de poesias! E poemas da lavra do Benilson!... e mais... muito mais... poemas intimistas, repletos de emoção, daqueles que parecem escritos com o próprio coração e que exalam o doce e cada vez mais distante aroma da infância, que permanece estática, adormecida nos recônditos quase impenetráveis da alma...

Benilson Toniolo, em seu livro “Sandálias Paternas e outros poemas”, caminha, em versos, quase de mãos dadas com seu pai... as mãos não podem se entrelaçar mais, mas a energia que movia aquelas velhas sandálias parecem eternizadas pela memória do filho que ficou e que hoje nos encanta com tanta sensibilidade e beleza.

O poeta coloca em seu versejar que poderia ter feito muito mais... e seu verso vem, querendo reconstruir aquela vida de outrora, e reescrevê-la... não vemos remorso nem frustração... apenas aquele sentimento humano de que poderia ter feito mais e melhor... o mesmo sentimento que teremos, anos mais tarde, quando focarmos nos dias atuais...

Benilson traz a inocência, o encanto, o passado, a vida efervescente, o mar, a família e seu pai... sempre seu pai...

Pessoas como Benilson, guerreiras, ativistas culturais idealistas, poetas que expõem seus sentimentos ao extremo, literatos que buscam a perfeição que sabem que nunca encontrarão, são raras... encontramos um perto das montanhas, outro no litoral... um outro perdido nas selvas de pedras do nosso globalizado mundo...

Espero que venham novos natais e mais poemas... muitos versos, como estes que me emocionam incensantemente
 
Como eu disse há pouco, via mail, para o professor Brandão, a literatura tem me dado mais alegrias do que mereço.


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