sábado, 21 de janeiro de 2012

Aos deuses peço só que me concedam o nada lhes pedir (José Saramago)

Na AmeCampos, para o concerto de Ariã Ai Yamanaka, pianista nipo-brasileira. No programa, Brahms, Debussy, Beethoven e Marlos Nobre. Experiência nova foi presenciar o concerto sem ver a artista, devido à superlotação da exígua sala: quarenta pessoas. Posicionei-me na sala contígua, de pé defronte a uma janela branca, ampla e generosa, com vista para um jardim simples mas bem cuidado, que resplandecia após a bruta chuva da tarde sabática que convidava à música e ao silêncio. Isso tudo depois de uma manhã movimentada: faxina no quintal, futebol com os meninos e caminhada e corridas na pista de atletismo do campo de Abernéssia.Voltando ao concerto: começou às 17:10h (estava previsto para 17h), e para minha incredulidade teve gente que chegou às 17:40h. Outra: veja se um espetáculo como este é lugar para se trazer um molequinho de seis, sete anos. Quando quem traz são os anciãos avós, então, a vontade de atirar o pequeno infante pela janela aumenta. Perto das seis da tarde, um vento gelado me atingiu a nuca e um bem-te-vi passou a anunciar a hora do Ângelus. Para encerrar, o tango de Nobre surpreendeu a todos pela virtuosidade. Minha única companhia, além da vista da janela, foram os quadros de Tubarão e Pennacchi. Acho que encontrei meu lugar ideal no prédio da sala de concerto da Amecampos. No fim, fui dar uma conferida, pelo menos, no rosto da pianista. Mas ela já havia se retirado.

Principiei o dia assobiando e ouvindo o disco de Luiz Gonzaga, cujo centenário, me informa Simone, será tema do carnaval pernambucano neste ano. Nada mais natural, e bonito, e louvável. Vou-me embora pro Recife.

Na entrevista do caderno de Cultura do Estadão, Berthold Zilly e sua história de traduções para o alemão de clássicos da literatura brasileira.  Seu próximo desafio, depois de traduzir Lima Barreto, Machado de Assis, Os Sertões e Lavoura Arcaica, entre outros, será Grande Sertão: Veredas. Quero só ver como é que ele vai germanizar os neologismos de Rosa, tão brasileiros, tão sertanejos, tão umidificados, para aquela língua rígida. Complicação pra ninguém botar defeito. Pelo jeito, o alemão pegou gosto em se aventurar pela nossa pedregosa e inquieta literatura. Tanto que venceu o Prêmio de Tradução na Alemanha, em 1995, com a obra-prima de Euclides da Cunha.

Pedidos do Sandálias chegando. Boas perspectivas para o Mar de Amares.

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