quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Poucas coisas dão tanto prazer à espécie humana como apontar os defeitos dos seus iguais (Inês Pedrosa)

A boca fala do que vai no coração, diz a Bible. O Que Te Engana, como diz o poema. A questão é que tenho estado mudo durante muito tempo. Tenho encontrado prazer renovado no registro deste Diário, que começou como uma mera imposição diária para a prática da escrita. Os poeminhas despretensiosos do Sandálias Paternas dizem isto. Feliz foi Mildes: Os Outros Poemas refletem o que tu és, ali estás inteiro. A reconstrução do pai, na parte inicial do livro, é doída demais, segundo ela. Não pretendo nada com este livro, assim como não pretendi com o anterior e tampouco pretendo com os próximos.

Dilma vai dando ao seu governo um caráter cada vez mais técnico, em detrimento do político. E isto é, sim, uma novidade que a distancia ideologicamente de seu antecessor, e empresta ao País a seriedade e o profissionalismo que necessita para ir adiante. Na verdade, ao contrário de Macunaíma, Dilma tem nos dado cada vez mais motivos para acreditar que, ainda que por vias tortas e talvez obscuras, sua chegada ao Planalto foi apropriadíssima.

A greve dos Policiais Militares na Bahia ameaça parar o País. Os policiais do Paraná, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Alagoas e Espírito Santo ameaçam aderir ao movimento dos baianos nos próximos dias, ou seja, às vésperas do Carnaval. Uma categoria, a bem da verdade, que  ganha salários de fome, sofre imenso preconceito de grande parte da população e da mídia e é desrespeitada diariamente pelos poderes constituídos. Como bem se diz no filme Tropa de Elite, “nunca vi ninguém fazer passeata quando morre um policial”. Tenho minhas ressalvas com relação a esta força do Estado, mas não posso me furtar em me mostrar simpático ao movimento grevista (apesar dos abusos cometidos, como a invasão da Assembléia Legislativa e a tomada, ainda que por pouco tempo, de reféns, inclusive crianças).  Assim como no caso da paralisação dos bombeiros cariocas, que contou com o apoio da sociedade, também os policiais baianos precisam de apoio, e de que suas reivindicações sejam ouvidas. Estrategicamente, a paralisação é exemplar: ocorre no inicio das aulas (que ainda não começaram, justamente por causa da greve) e às vésperas do Carnaval. É sempre bom ver alguém botando os políticos contra a parede.

Com a morte da esposa Carlota logo após dar à luz o quarto filho, a vida de Abdias se transforma profundamente, vindo a atingi-lo uma enorme depressão advinda diretamente de suas crises de culpa por tê-la traído (ainda que não fisicamente, apesar de ter desejado sua morte para que tivesse livre o caminho para ficar com Gabriela).   Aos poucos, a reaproximação com os filhos e a retomada do trabalho e da vida acadêmica reanimam-no, a ponto de se entender que, afinal de contas, terá sido a esposa –agora morta- o único e definitivo amor de sua vida. Leitura recomendada, esta: Abdias, de Cyro dos Anjos.

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