quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

As mulheres sempre amam mais àqueles que menos as amam. Nisso, são iguais aos homens (Inês Pedrosa)

Pedra Bonita é um livro e tanto. Pois veja: na primeira parte, o autor discorre sobre os personagens, suas personalidades, a geografia e os fatos do Assu, lugar onde se passa a narrativa. Sobre os personagens, aliás, vale dizer que sua variedade é tamanha que fica difícil entender como é que podem ter saído da imaginação de um homem só. Agora vamos à segunda parte. Antonio Bento, agora Bentinho, à volta de quem a história se desenrola, é obrigado a voltar para casa durante três meses devido a uma viagem ao Recife feita pelo padre Amâncio por conta de seu ofício. Volta, então, para casa, dezesseis anos após ter sido entregue pelos pais ao padre, para que este o criasse. Bento conhece os irmãos e não se conforma com o desprezo e a indiferença dirigidas a ele pelo pai, Bentão, que passa os dias na rede a alimentar e acarinhar um bode. A mãe Josefina, uma sofredora, tenta promover a harmonia entre o filho recém-chegado (quase padre) e os irmãos Aparício e Domício, que até este momento, é bom que se diga, não se conheciam. Aparício, de temperamento mais arredio, acaba por envolver-se em uma briga que culmina com a morte de um sargento. Passa a ser perseguido pela polícia, é obrigado a fugir e se alia a um grupo de cangaceiros. A polícia vai em sua captura e, não o encontrando, passa a perseguir, torturar e prender seus pais, além de destruir a propriedade onde moram, denominada Araticum. Aparício começa a ganhar fama de cangaceiro violento e sem escrúpulos, à mesma medida em que as sevícias contra sua família aumentam. Domício, de temperamento mais cordato e que se afeiçoou a Bento, desaparece após saber da destruição do rancho e da prisão dos pais, que são transferidos para a cadeia de Assu, onde se encontra sediada o destacamento do Tenente Maurício, que pretende acabar com os cangaceiros. Bento volta para a casa do padre, que já retornou de viagem e consegue interceder pela libertação de Bentão e Josefina, hospedando-os, machucados e assustados, na igreja. Com a mudança do destacamento da polícia para a região, o Assu se transformou, com a incrementação do comércio (inclusive do movimento na rua da Palha, onde fica o prostíbulo) e a chegada de novos negociantes. Aparício surge e vai ter com o irmão na igreja, sem que ninguém saiba. Enquanto estava na Pedra Bonita, Bento e Domício estiveram com um velho do lugar que contou-lhes o que houve quando do derramamento de sangue de inocentes por conta de presença no local de alguém que se anunciou como o Filho de Deus e que traria um novo mundo para o lugar, e que por fim foi traído e delatado por um ancestral dos Vieira, que vem a ser justamente a família de Bentinho, que então passa a compreender por qual motivo o perseguem e espezinham. E assim a narrativa segue, faltando cerca de oitenta páginas para o fim. Agora, a pergunta: onde é que foram parar os escritores desta verve? Por qual motivo José Lins do Rego continua desconhecido pela maioria da população brasileira? Sim, porque quando havia em nosso País escritores deste porte, éramos um povo melhor e mais inteligente...

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