domingo, 1 de abril de 2012

Todos os homens contém vários outros homens dentro de si, e a maioria de nós salta de um para outro sem mesmo saber quem é (Paul Auster)

Na Ilustrada, matéria sobre a Paris Review, revista americana dedicada à literatura. Boas frases de Faulkner e Mailer para os guardados. Também outra sobre Nadine Gordimer, escritora sul-africana detentora do Nobel, para um documentários sobre mulheres africanas de destaque. Olha esta, de Nadime, ao dizer que não acredita em discursos sobre "literatura feminina" por não gostar da separação por gênero: "A gente não escreve com os órgãos sexuais, a gente escreve com isso", e aponta o dedo indicador para a têmpora. Tenho comigo um livro de sua autoria, que a qualquer hora desta me entrego.

Tanto na Folha quanto na Veja, inúmeras referências a Millôr Fernandes (que Brandão uma vez disse que deveria ter-se chamado Milton, mas acabou Millôr por um erro do homem do cartõrio na hora do registro de nascimento) e ainda Chico Anysio. Sobre o primeiro, cuja morte é mais recente, ainda tenho o que ler. Mas ganha destaque um "plágio" proposital de José Roberto Torero, no texto " Não me enterrem, e joguem minhas cinzas na Vila Belmiro". Fantástico, também, este Torero, com quem já troquei meia dúzia de palavras por e-mail. 

Fez muito sucesso aqui em casa um vídeo que encontrei na internet denominado "Ariano Suassuna - A Conversão", sobre um fato contado pelo paraibano sobre a visita que recebeu de um jovem -que ele não sabe dizer se era punk ou funk- que tinha o objetivo de convencê-lo -a ele, Ariano- a interromper seus ataques ao rock. A performance do artista reproduzindo a música interpretada pelo jovem é hilária. A letra tem duas frases, além do refrâo: "Um cavalo morto é um animal sem vida"  e "Em redor do buraco tudo é beira". 

Sobre a palestra de ontem, faltou dizer que o presidente Maynard revelou que logo que chegou a Campos, vindo do Rio, envolveu-se com um grupo jordanense de teatro, e a primeira peça encenada foi justamente o Auto da Compadecida, onde ele, Maynard, fazia o papel de Jesus Cristo.

Tatiana Belinky na Folhinha, de bruxinha, recebendo em sua casa um grupo de criança para falar sobre seus livros. Aos 93 anos.

Gostei muito da entrevista de Dilma na Veja.  Excertos: "Não dá para consertar a máquin administrativa federal de uma vez, sem correr o risco de um colapso No tempo que terei na Presidência vou fazer a minha parte. Esse será meu legado". "A Petrobrás tem de saber que o petróleo é do Brasil e não dela". "Quando Mario Draghi (enonomista italiano, presidente do Banco Central Europeu) diz 'vamos botar a maquininha que faz dinheiro para rodar', ele está inundando os mercados com dinheiro. E o que fazem os investidores? Ora, eles tomam empréstimos a juros baixíssimos, em alguns casos até negativos nos países europeus, e correm para o Brasil para aproveitar o que os especialistas chamam de arbitragem, que, grosso modo, é a diferença entre as taxas de juros praticadas lá e aqui. Eles ganham à nossa custa. Temos de agir nos defendendo". Cita Montesquieu e se defende bem quando acusada de protecionista, alé, de saber recolocar Collor ao limbo de onde jamais deveria ter saído. Pontual esta entrevista, até para dar o que parece ser uma espécie de resposta ao grande artigo de J. r. Guzzo ao final da mesma edição da revista.  Dilma, a ex-Tosca, vai ganhando, ao que parece, mais um adepto -ainda que obscuro e irrelevante.

Sobre o texto de Guzzo: "Já faz mais de nove anos que a presidente Dilma está dentro do governo, no qual dá expediente desde o primeiro dia de mandato de seu antecessor -com a função, justamente, de ser a tocadora de obras número 1 da República. Alguma coisa de porte, a esta altura, já tinha de ter aparecido. Mas não aperece. Tão inúteis quanto a passagem do tempo ou os oceanos de dinheiro  que o poder público tem para gastar vêm sendo as demissõe em série na equipe ministerial. Em pouco mais de um ano de governo Dilma, já foram para a rua doze ministros, mais os líderes no Senado e na Câmara -todos nomeados por ela mesma, é verdade, incluindo-se aí alguns dos mais notórios candidatos a morte súbita que já passaram por um ministério na história deste país. Os resultados disso, pelo que se viu até agora, foram nulos. As demissões, sem dúvida, mostram que a presidente está disposta a valer-se de sua posição no topo da cadeia alimentar de Brasília -pode mandar qualquer um embora, e não pode ser mandada embora por ninguém. O problema, tristemente, é que o exercício repetido de toda essa autoridade não tem sido capaz de gerar nenhum efeito útil para a vida prática do país e do cidadão. Seja porque Dilma está substituindo tão mal quanto nomeou, seja porque os novos ministros vivem paralisados pelo modo de perder o seu emprego, o fato é que nenhuma de todas as trocas feitas até agora resultou num único metro a mais de estrada asfaltada, ou num poste de luz, ou em qualquer coisa que preste". E arremata: "a presidente Dilma, que sabe muito bem o que é inépcia, tenta há nove anos achar o caminho de saída desse vale de lágrimas; pode continuar tentando pelos próximos cinquenta e não vai encontrar nada. Não vai encontrar porque procura no lugar errado: imagina que a solução está em criar mais repartições públicas, mais regras, mais controles, mais programas e mais tudo o que faça um 'estado forte'. É o tipo de ideia que encanta a presidente. Nunca deu certo até hoje. Mas ela continua convencida de que um dia ainda vai dar".

Depois de ler a entrevista de Dilma, entretanto, entretanto, o artigo de Guzzo ganha uma tonalidade de superficialidade e distanciamento do assunto.            

Uma noite acidentada, por conta dos choros e choramingos de Bruno devido ao braço quebrado. Agora, manhã de domingo, dormem todos -indiferentes até mesmo ao som irritante do cortador de grama utilizado em dos quintais vizinhos à Casa.
 

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