quarta-feira, 11 de abril de 2012

O amor dura o tempo de um susto. É picada de cobra. É veneno que combate outros venenos. O problema do amor é que é caro (Marcelino Freire)

Escrever é um ato de vida. Através da escrita me mostro e me escondo, protesto, canto e choro, organizo meus pensamentos, sinto saudade, calor e frio, fome e desejo. Nela me perco e me encontro, me arrisco e me retraio. Na palavra reencontro meu pai, oriento meus filhos, acarinho minha mãe e me declaro diariamente à mulher que é meu porto.
Não sei como era minha vida antes da leitura e da escrita. Minha lembrança mais remota da infância é de a família –tios, primos, avós e pais- à minha volta pedindo para eu ler o que estava escrito na embalagem de uma lata de cera. Eu lia, mas nem sempre acertava. E o povo queria que eu acertasse todas. Devia ter cinco, seis anos, não me lembro direito.
Daí a começar a escrever foi mais longo, mas não menos prazeroso. Eu era aquele aluno que quando fazia redação a professora queria ler para a classe, para minha vergonha absoluta. Será que ainda é desse jeito, nas escolas de hoje?
Depois continuei assim, vivendo e escrevendo.
Hoje são três livros publicados, com o quarto já querendo botar a cabecinha pra fora do ovo. E eu digo “espera aí, moleque, deixa o teu irmão crescer primeiro”. É isso mesmo, está certo quem diz que um livro é um filho. Tem também a Academia de Letras da minha cidade, os convites, os eventos, as palestras, os concursos de literatura...
A cidade onde moro, Campos do Jordão, é uma beleza para quem escreve -pela paisagem, pela gente simples, pelo clima, pela topografia que convida a caminhadas longas e reflexivas. Ou seja, ainda tem mais essa.
“Só escrevo porque escrever me ajuda a pensar”, disse o escritor argentino Macedonio Fernandez.  Era a necessidade dele. A minha “doença” é mais grave: escrevo porque escrever me ajuda a viver.

O texto em linguagem popular solicitado por Ritelisa, para o jornal de São José dos Campos.

Extinto o Nova Poesia Brasileira. Chega.

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