Escrever é um ato de vida. Através da escrita me mostro e me escondo, protesto, canto e choro, organizo meus pensamentos, sinto saudade, calor e frio, fome e desejo. Nela me perco e me encontro, me arrisco e me retraio. Na palavra reencontro meu pai, oriento meus filhos, acarinho minha mãe e me declaro diariamente à mulher que é meu porto.
Não sei como era minha vida antes da leitura e da escrita. Minha lembrança mais remota da infância é de a família –tios, primos, avós e pais- à minha volta pedindo para eu ler o que estava escrito na embalagem de uma lata de cera. Eu lia, mas nem sempre acertava. E o povo queria que eu acertasse todas. Devia ter cinco, seis anos, não me lembro direito.
Daí a começar a escrever foi mais longo, mas não menos prazeroso. Eu era aquele aluno que quando fazia redação a professora queria ler para a classe, para minha vergonha absoluta. Será que ainda é desse jeito, nas escolas de hoje?
Depois continuei assim, vivendo e escrevendo.
Hoje são três livros publicados, com o quarto já querendo botar a cabecinha pra fora do ovo. E eu digo “espera aí, moleque, deixa o teu irmão crescer primeiro”. É isso mesmo, está certo quem diz que um livro é um filho. Tem também a Academia de Letras da minha cidade, os convites, os eventos, as palestras, os concursos de literatura...
A cidade onde moro, Campos do Jordão, é uma beleza para quem escreve -pela paisagem, pela gente simples, pelo clima, pela topografia que convida a caminhadas longas e reflexivas. Ou seja, ainda tem mais essa.
“Só escrevo porque escrever me ajuda a pensar”, disse o escritor argentino Macedonio Fernandez. Era a necessidade dele. A minha “doença” é mais grave: escrevo porque escrever me ajuda a viver.
O texto em linguagem popular solicitado por Ritelisa, para o jornal de São José dos Campos.
Extinto o Nova Poesia Brasileira. Chega.
Extinto o Nova Poesia Brasileira. Chega.
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