domingo, 15 de abril de 2012

A filosofia da existência é uma educação pela angústia (Luiz Felipe Pondé)

Em geral, quem não casa, ou é por falta de tempo, ou porque não dispõe, no seu orçamento, de receitas suficientes para prover aos encargos que resultam do luxo patriarcal de ter mulher e filhos. Há pessoas que não constituem família pela mesma razão porque não comprar um automóvel: porque lhes falta dinheiro. Na crise terrível do pós-guerra (refiro-me sobretudo a Portugal), com o custo da vida a aumentar dia a dia, com a instabilidade do valor da moeda a impedir todo o bom cidadão de saber ao certo com o que conta no dia seguinte, e, enfim, com a falta de casas e com a falta de amas, o casamento passou a ser um esporte de ricos; cada filho converte-se num índice de opulência. Julio Dantas, enorme em seu estilo narrativo, em Eterno Feminino, de 1929, a prever um cenário idêntico ao de hoje, principalmente nas passagens em negrito. Um portento, para usar uma expressão que já há algum tempo não aparecia neste diário.

Morreu o General que contava como certa sua eleição para a Academia de Letras, e, assim como quando morreu o Coronel que também se candidatara, especula-se com a possibilidade da assassinato. Um final previsível desde pouco depois da metade do livro, quando o militar mudou seu estilo de tratar os imortais. Um Jorge Amado urbano, feito para passar o tempo, sem a profundidade e a densidade de seus romances marítimos e cacaueiros.   

Vou comprar o jornal em Abernéssia e volto com belas aquisições, a saber: Os Sonetos de Amor Obscuro e Divã do Tamarit, de Garcia Lorca, O Livro de Areia, de Borges (que nome lindo para um livro), Códigos de Família, de Gattai (eu insisto, eu insisto), Paula, de Isabel Allende (Simone adorou a Inés de Minha Alma) e Homens e Caranguejos, de Josué de Castro -todos retirados da nova biblioteca que foram montadas em drogarias da cidade. em contrapartida, deixei por lá o ensaio sobre Patativa do Assaré, a Inés e as antologias de Ubatuba e Bragança Paulista. Saio no lucro, pelo jeito.

A Cidade, abarrotada por conta de um evento para mais de três mil pessoas que atuam em turismo. Bom proveito aos que deles dependem para sobreviver -o que não é mais o meu caso, pelo menos por enquanto.

No Sabático, Antonio Skarmeta, o futuro da literatura latina de língua espanhola, a dificuldade em abandonar o realismo mágico e os novos autores chilenos. Da leggere.

Quase chorei com Ritelisa falando de Cora Coralina. Nos seus lábios, um dizer carregado de emoção, paixão e reverência pela vida da mulher, da cidadã, da desbravadora, da política, da intelectual, da escritora, da múltipla personalidade que foi Aninha, a guerreira da cidade de Goiás, para quem uma vida só foi insuficiente.

Procurei, dentro do possível, manter-me distante das comemorações pelo centenário do Santos. Minha homenagem é prestada a cada dia, em todos os lugares onde estive, em todas as circunstâncias, dentro do meu coração de adepto, muitas vezes, irracional e inconsequente. Posso dizer que se trata de um amor alvi-negro que me marca a existência, independente da idade que complete.

A morte de Danilo continua repercutindo: erro médico. E sua mãe, que é minha prima distante, vai à TV protestar e desmanchar-se em lágrimas, plenamente justificáveis. Tragédia.

Já houve sol, já chuviscou e faz frio. Outra típica manhã dominical jordanense, que me enche de certezas pela escolha que faço a cada dia e, aqui permanecer. O amor.

Enquanto lavo a louça do café-da-manhã e da pizza de ontem à noite, me ocorre um evento: Encontro de Escritores do Vale do Paraíba. Uma data boa seria dezembro. Com LAC, Ritelisa, Gorj e outros. Pode ser também um bom evento a ser realizado para quando assumir a presidência da Academia.

Na sexta-feira, em Taubaté: "Você colocou Campos do Jordão no cenário da literatura no Vale do Paraíba. Antes, a gente nem lembrava de Campos, era muito fechado. Agora, graças a você, a visibilidade é bem maior". Gracias a la vida, again.

Morreu Morosini, do Livorno, em campo, durante partida pela série B contra o Pescara. Campeonatos suspensos na Itália. Está na hora de repensar toda a estrutura do calcio, denunciar penúrias e desonestidades. Por enquanto, acompanhar o futebol italiano é sinônimo de sofrimento e perspectivas desagradáveis.

Me emociono, ao digitar os poemas de Dailor para o Blogue e ouvir, simultaneamente, o piano de Rachmaninoff.


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