segunda-feira, 19 de março de 2012

Uma língua não é, como somos levados a supor pelo dicionário, a invenção de acadêmicos ou filólogos. Ao contrario, ela foi desenvolvida através do tempo, através de um longo tempo, por camponeses, por pescadores, por caçadores, por cavaleiros. Não veio das bibliotecas; veio dos campos, do mar, dos rios, da noite, da aurora (Jorge Luis Borges)

O que há no meu pescoço, segundo o vocabulário quase ininteligível da médica que me atendeu, é um "gânglio enfartado". Num primeiro momento, achei que se confirmava o diagnóstico que eu fizera pela manhã: eu estava enfartando. Depois, percebi que o que estava enfartando não era eu, e sim o gânglio. Nada que um potente antiinflamatório não resolva, segundo a doutora. Tomemos, pois, o medicamento, observemos e, sopratutto, desconfiemos -o que sempre é mais recomendável que confiar demais.

O Brasil é o país que menos cresce na América do Sul em 2011: 2,7%, contra 8,8% da Argentina; 5,5% do Uruguai: 5,8% da Colômbia; 3% do Suriname; 4,5% da Bolívia. O Peru cresceu (sem trocadilho) 6,9%; o Chile, 6%; o Equador, 9%; 4,2% a Venezuela e 4,8% a Guiana. O Paraguai, só para constar, 4%. Segundo avaliadores, este índice pode mostrar que "a sustentabilidade do modelo de crescimento brasileiro é questionável". Por maior que seja minha boa-vontade, não consigo enxergar o crescimento alardeado pelo governo nos últimos dez anos. Não consigo entender estes números, minha gente, que nos coloca abaixo de Suriname e Bolívia, com todo o respeito que lhes é devido. A impressão que tenho, leigo que sou, é que aplicamos na economia os mesmos conceitos que aplicávamos em 1994, quando alcançamos a tão famosa "estabilidade", que acabou virando sinônimo de "estagnação". Não é possível que esteja tudo bem. A quem, afinal, continuam tentando enganar?

Um domingo de agradabilíssima caminhada e calcio com Bruno, no campo da SEA -o que há tempos não fazíamos. Ao final do dia, mais que o cansaço, a alegria de ter aproveitado o tempo de folga com atividades saudáveis.

O Povo começa a fazer oposição sistemática à Prefeita, condição que me traz incômodo e certo repúdio, até. No momento, o que deve mover a cidade politicamente, penso eu, é o sentido de auxílio e colaboração para que se chegue bem ao fim do mandato. Jogar pedras é gostoso somente enquanto não somos vidraça.

Um Conto Chinês é um filme argentino da nova geração, de linguagem um pouco mais lenta do que os demais que tenho visto. Ricardo Darín, um de meus atores preferidos, continua a protagonizar o personagem frustrado e infeliz que, por força das circunstâncias, acaba por "humanizar-se" no final. Fica a sensação de déja-vu, principalmente para quem já assistiu "O Filho da Noiva" e "O Mesmo Amor, A Mesma Chuva". E fica novamente claro que, apesar de tudo, Darín é sempre Darín.

Carlos Heitor Cony, ao encerrar seu artigo sobre a atualidade e as perspectivas de Antonio Callado, seu companheiro de redação e de cela: "Ao mesmo tempo em que muitos se orgulham do nosso desenvolvimento material (exagerado em muitos casos), de nossas taxas de crescimento (grifo meu: ele não deve ter ainda lido a Folha de hoje) e de nossa presença no cenário internacional, a maioria se envergonha com o dia-a-dia da vida pública, onde os culpados são cada vez mais ostensivos, e os justos, cada vez mais raros".

O governo iraquiano autorizou a polícia a eliminar gays, conhecidos no país como "adoradores do demônio". Já são noventa vítimas só este ano, e mais de oitocentas nos últimos seis. A maioria é morta por apedrejamento. Há relatos de pais que assassinam os filhos com tiros na cabeça. O demônio, coitado, sempre acaba arcando com a pior parte.

Para Cantanhêde, a crise no Governo levará os petistas a recorrer ao pajé Macunaíma, que deve voltar esta semana ao centro da taba.

Hoje, me lembrei de Johnny Alf, que andava sempre pelo Bar da Praia.

Na Veja e na Ilustrada, Vinícius de Moraes. Ainda não li.




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