terça-feira, 1 de maio de 2012

Idéias não se deixam acorrentar e nem se matam com tiros (Frei Betto)

A semana foi de dedicação quase exclusiva ao trabalho. Véspera de feriado prolongado. Muitas solicitações, exigências, providências e preparativos. No final, tudo deu certo. Pequenos imprevistos, a incompetência de sempre, o amadorismo, a auto-suficiência de sempre, característica de milicos ainda que fora dos quarteis. Tudo se resolve com um disparo na testa. Os incompetentes, despedimo-los aos gritos. As faltas de vergonha e de profissionalismo, punimos com a morte moral. Isso se não forem os "nossos"  a cometê-las. A estes, nossos sorrisos de canto de boca, nosso olhar de tolerância, nossa indiferença conformada -a vida e a empresa que seguem, acima de tudo.

Sim, dá gosto ler o Julio Dantas. Um autor e tanto, cujo texto está recheado de grandes doses de ironia e lirismo. Um grande crítico, um astuto observador da sociedade de sua época, um homem culto e perspicaz, mesmo quando aborda com frequência o mesmo tema -o "Eterno Feminino", no ano de 1929. A passagem da Ignez Negra, por exemplo, me remeteu ao Galeano de Mulheres. Para quem aprecia a perfeição da língua portuguesa escrita com a maestria e o apuro dos mestres, Dantas é um oásis.

Leio com vagar e quase indiferença o livro de Contos. O que começou razoável, assim permanece. Gosto mais dos textos menores, mais rápidos, menos embolados, mais claros (porém nem sempre). Os textos maiores não se definem, antes se perdem em si mesmos, e a impressão que se tem é que os finais, quase sempre abruptos e mal preparados, causaram grande esforço ao autor, que acaba por não saber sair do próprio emaranhado. Parece um escritor imaturo e intrincado num equação cuja busca pela solução não causa prazer nenhum. O fim de cada conto resulta um alívio.

Declino do convite para integrar a Secretaria de Cultura, a Secretaria de Educação e a assumir a Biblioteca Municipal. Ainda está incólume, portanto, a maior parte das minhas faculdades mentais e morais.

Esta semana, mesa redonda sobre Dostoievski, na Unitau. Imperdível. Pena meu conhecimento quase completo do autor, de quem só li as "Noites Brancas". Um motivo a mais para lá estar.

Terminei o Poesia Às Margens Do Coxipó, já enviado para Ritelisa e para a Editora. Citações de Guimarães Rosa, Manoel de Barros e, claro, Saramago. Nada melhor que a perspectiva de um novo livro.

Os artigos do jornal, comentados, referidos, lidos. A fonte parece não ter fim.

Nossa nova casa -nossa, posto que a compramos- é pequena, de grande jardim, quintal ensolarado, escadas de pedras, em rua calma e silenciosa. Ainda mais distante, por isso melhor. Amor à primeira vista, que devemos cuidar para que não esmoreça. Pelo menos, não tão rapidamente. A rua se chama Ondina.

Depois de dias de muita, intensa e ininterrupta chuva, o sol surge ainda timidamente e o frio se apodera da cidade. Os turistas já se foram, e o silêncio parece querer voltar a imperar sobre nossas montanhas.







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