sexta-feira, 18 de maio de 2012

Eu não sei se a arte nos deve salvar, mas tenho a certeza de que pode conduzir ao melhor que há em nós, para que não nos desperdicemos na vida (valter hugo mãe)

Últimas horas do Exílio-do-Morro-Grande. Quase dois anos nesta casa, de cujo tamanho ainda não nos acostumamos. Vamos embora sem saber como lidar com tanto espaço. Fomos felizes aqui, apesar dos gritos dos vizinhos e do vento. Mellie, a cucciolina, nasceu praticamente aqui. Sempre que a olharmos, nos lembraremos desta casa. No fundo, foi um bom lugar, de bons auspicios. Algumas coisas já estão amontoadas à espera do domingo de mudança. Antes, há o dia de hoje, com o trabalho, a edição do jornal, a leitura d'O Túnel, o laboratório de Redação de Bruno, Leonardo e sua festinha de aniversário para a qual foi convidado e sua aula de Desenho. Simone, com uma gripe avassaladora, tem dificuldades para falar, comer, dormir...

O que mais me preocupu não foi a derrota para o Vélez, em Buenos Aires. Foi a apatia e a impotência do time. Na Vila, semana que vem, será outra pedreira. Uma nova derrota para os argentinos, em casa, não está descartada. O Brasileiro começa no domingo, em Salvador. Pelo menos é uma cidade agradável.

Uma coisa boa: ao deixar Leonardo na aula de Desenho, dou uma espiada na banca e descubro que o livro de Saramago, que deveria chegar somente no domingo, já está por lá. Adquiro, portanto, com dois dias de antecedência, o Ensaio Sobre a Lucidez.

Continuo angustiado com a tragédia de Tamiris, a filha de um amigo que ao voltar das aulas noturnas na faculdade bateu seu carro em uma vaca no meio da estrada. Em coma, já passou por cirurgias e ontem os médicos praticamente a desanganaram. Deve ter uns dezoito, dezenove anos, por aí. Os pais sempre criaram os filhos dentro da igreja -evangélicos praticantes. Ainda há um fio que liga Tamiris à vida -mas que se torna, a cada hora, menos resistente.

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